Indeléveis se nos apresentam os traços deixados pelo Venerável José de Anchieta, na sua passagem, quer temporária, como simples missionário, quer durante os doze anos de residência, como Superior da Companhia de Jesus, na Terra Capixaba. Profecias, milagres e conselhos perduram ainda, no conhecimento do povo, transmitidos, de geração em geração.
À semelhança de outros lugares, visitados pelo santo jesuíta, existe, igualmente, no Espírito Santo, o admirado Poço de Anchieta, envolto na poesia de uma lenda:
– Sofria a população de Iriritiba, ou Reritiba, e suas vizinhanças as conseqüências de forte e prolongada estiagem. Em vão, perscrutava o céu, a fim de verificar a presença de alguma nuvem ou prenúncio de chuva.
Desapareciam gradualmente as fontes e as bicas, aumentando a angústia geral, perante a sede, que atormentava o povo e os animais! Até o rio negava-lhes refrigério, porque a fraqueza da corrente permitia, já, o acesso das marés, à grande extensão, ao passo que o Sol escaldava as restingas; e as matas, ressequidas, não mais podiam favorecer o seu curso.
Voltaram-se, então, os habitantes para o seu querido pai espiritual, — o Pe. José de Anchieta. Procuraram-no. Encontraram-no, rodeado de sedentos.
— “Água!… Dai-nos água, pai!”
— “Temos sede!”
Comovido, diante daquele sofrimento, o Apóstolo do Brasil acena à multidão, para que elevasse o pensamento, confiante, à Onipotência Divina. Ali mesmo, tão perto da praia, que percorria sempre, seguido pelos volteios graciosos das aves, Anchieta, de pé, concentra-se, no fervor da prece, fere a terra, com o seu cajado, e faz brotar a linfa pura, que enche logo o poço, aberto milagrosamente.
Na Praia de Benevente, hoje Cidade de Anchieta, continua a ser admirado o poço lendário, querido sempre dos habitantes do lugar.
Autora: Maria Stella de Novaes